quarta-feira, 28 de junho de 2017

Caso Assunção em Arcoverde (PE) e a Sociedade Doente

"Fiquei chocada com os vídeos do ator Fábio Assunção estirado no chão e preso em viatura em Arcoverde (PE). Não por aquilo que ele fez, fora de si, mas pelo deboche de todos à volta, sóbrio e serenos, com consciência para ajudar e que não demonstraram nenhum interesse para socorrer e amparar alguém claramente necessitado e com dificuldades de se manter em pé e articular um raciocínio lógico."
Ao invés de ajudarem, ridicularizaram o profissional em uma fase difícil da vida e apenas aumentavam a sua agressividade. Atiçar um bêbado é armar um circo de horrores, é se divertir com o sofrimento alheio, é renunciar à educação pelo bullying anônimo e selvagem de massa.
Não é questão de gostar ou não do cidadão, eh questão de sensibilidade humana. As pessoas estão virando zumbis com seus "poderosos" smartphones a mão, sem se dar conta que a próxima vitima podem ser elas mesmas. O mundo esta virando uma grande nuvem negra, frio e cheio de pessoas alienadas...
Sem dúvidas a sociedade está doente. Estamos cultivando ódios, raivas, invejas e mais. Não é culpa de ninguém em particular, mas do próprio mundo que nos torna apenas números. Estamos perdendo a identidade, a bondade, a solidariedade e principalmente a compaixão. 
O que identifico é que torcemos pela queda do outro, pelo fim de exemplos. Odiamos silenciosamente aquele que alcança o sucesso. E permanecemos à espreita, como urubus com as asas dos aplicativos, para flagrar um tombo, uma gafe, um vexame da celebridade e espalhar pelos céus turvos da web.
Somos cada vez menos afetuosos e mais paparazzi das tragédias individuais. Não vou julgar e tampouco mergulhar em achismos, se ele estava sob efeito de drogas ou não, o que acontecia em sua vida privada para gerar tal descontrole (e, óbvio, que deve ser penalizado por tudo o que cometeu contra a lei, sem distinção).
Mas quem teve um familiar transtornado ou viciado sabe que ele é também uma vítima e que o cuidado e a discrição são os únicos curativos possíveis para não aumentar a vergonha e as recaídas. Expor alguém em situação delicada é ser cúmplice de vandalismo psicológico. O que lamento é que aquele ator, sempre solícito para selfies e autógrafos, sempre disposto a conversar com qualquer um, não foi carregado pelo público quando realmente esperava.
A fama é ingrata, mas triste mesmo é que não procuramos salvar mais a nossa cordialidade. Se fulano é ator, cantor ou uma celebridade X, não é a questão... mas é a sociedade doente em que vivemos. As pessoas que registram a desgraça alheia para ridicularizar nas redes um ser humano em desgraça é mais "desgraçado" que o próprio ridicularizado.
É mais fácil você ver uma pessoa gravando uma tragedia e postando do que ajudando. A tecnologia que deveria ajudar mais, anda destruindo.
Sociedade Doente!!!


Luana Flávia

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  Vai menina Lua, extraía da vida o melhor... Dê cabeçadas por intuição, nem toda cabeçada é maldita... Vá entender!!! Nem todo acerto acres...